segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O super-herói e a depressão de seis milhões


Armadilhas tácticas de Jesus
Fonte: A Bola

O Halloween chegou ao futebol com uma semana de atraso. Que o diga Jorge Jesus e os jogadores, escolhidos por si. No decorrer da passada semana, o Benfica teve o mérito de virar as expectativas que se geravam relativamente ao clássico de ontem, devido a um jogo soberbo frente a uma das melhores equipas europeias, capaz de fazer lembrar alguns dos jogos épicos da temporada anterior. Por sua vez, o Porto dava um sinal de fraqueza, pela primeira vez este ano, também no seu jogo europeu, deixando antever que o embate com os lisboetas seria, efectivamente, muito mais equilibrado do que se acharia, há oito, nove dias atrás.

No jogo de palavras, os treinadores assumiram as posturas já esperadas. O do Porto, André Villas-Boas, demonstrou vontade de ampliar a vantagem para o Benfica, elogiando o adversário e atribuindo-lhe capacidades que este ano não tinham sido ainda vistas. Jorge Jesus, do Benfica, acanhou-se. Não assumiu, por uma vez que fosse, vontade de vitória e, no meio do seu discurso, saltava à vista o medo de ser claramente derrotado pelo adversário.

A constituição inicial das duas equipas atemorizava os adeptos e simpatizantes benfiquistas, mesmo os mais optimistas. Na equipa portista, tudo óbvio. Na do Benfica, adaptações e criações capazes de causar inveja a mentes mais originais. Noventa minutos depois, cinco a zero, a favor do Porto.

Há muitas razões para explicar tamanha desgraça para os campeões nacionais, mas de entre esse conjunto há uma razão que emerge: a terrível preparação do Benfica para esta nova época. Jesus, o terrestre, queixa-se disso constantemente. Os adeptos compreendem. Não haveria nada de estranho nesta história de lamúrias caso o responsável pela preparação da nova temporada não fosse o treinador. Curiosidade das curiosidades, Jorge Jesus foi o máximo responsável por isso!


Hulk, o carrasco
Fonte: A Bola

O treinador benfiquista, qual bruxo maquiavélico, apostou num defesa central sem rotinas de jogo e confiança para titular; arrastou aquele que diz ser um defesa central de categoria mundial para o lado esquerdo, porque este ''o conhece'' e atirou para o ataque um homem que tem como função a criação de jogo, abdicando do executante natural dessa tarefa ofensiva - não houve, portanto, definição de jogo no Benfica e as movimentações ofensivas foram precárias. Mas o Porto, para ele, foi ''muito eficaz'', simplesmente. Ah!, e contou com Hulk, que deve ter sido, caso tenha interpretado correctamente a mensagem, o único jogador ''inspirado''.

Na realidade, a questão é mais complexa. Jorge Jesus vive do passado. Angel di María e Ramires são, hoje, os fantasmas que atormentam as noites do treinador do Benfica. Os seus substitutos, Gaitán e Salvio, são os pesadelos. Perante o passeio exibicional da época passada, a fasquia estava (e está!!!) legitimamente muito alta.
 
Não digo que seja legítimo esperar que aconteça tudo o que se passou no ano anterior, mas o certo é que é da responsabilidade de quem lidera dotar a sua equipa de mais-valias apropriadas para as lacunas existentes. Além do mais, o Benfica subiu um patamar na Europa, o que é directamente proporcional a uma aposta financeira mais certeira, a uma análise do mercado mais séria.

No dia oito de novembro de 2010, com três meses de competição apenas, o embruxado Benfica aparece em segundo lugar na classificação. Nada de problemático, não fosse os dez pontos que já o separam do primeiro lugar... do Porto. Este, está bem. Caminha a passos largos para uma época descansada, facilitada por mérito próprio e por deslizes da concorrência. O Benfica acordará (se acordar) tarde. Necessita de corrigir rapidamente os handicapes da sua equipa (lateral direita!!, lateral esquerda!!) e precisa, sobretudo, de voltar a confiar em si mesmo.

P.S. Já que Jorge Jesus tem um interesse natural por contratar avançados e o Benfica se gaba de estar financeiramente saudável, porque não pagar cem milhões de euros pelo Hulk?

2 comentários:

  1. Quem viu o JJ a falar na época passada assim como no início da presente temporada e viu o jogo de ontem percebe logo onde está o senso do JJ, está algures perdido no seu enorme ego. Onde está o Benfica que se dizia não se preocupar com as outras equipas, as outras equipas é que têm de se preocupar com o Benfica? Pois é, esse Benfica não há mais. Esperemos que esse treinador recupere rapidamente a sua humildade e deixe-se da mania das grandezas só para empolgar a massa adepta ou até mesmo que seja só para enganar-se a si próprio.

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  2. E eu creio que o espaço de manobra que o senhor tem no clube é demasiado largo, mas aí a culpa é de quem manda no Benfica. Veremos onde isto irá acabar.

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