segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Há lá festa mais linda do que a Taça?

É de equipas como o Vitória de Setúbal e o Pinhalnovense que a Taça de Portugal precisa. São equipas como estas que fazem notícia.

No caso do Vitória de Setúbal, trata-se, sobretudo, de uma conquista perante um crónico candidato: o Sporting. Se bem que de crónico candidato à vitória final, seja em que competição for, o Sporting tenha cada vez menos.

Os três golos do jogo (2-1):



 
Já a equipa do Pinhal Novo foi a Matosinhos vencer o Leixões, nas grandes penalidades, tornando-se, também, numa boa surpresa.

Os restantes resultados estão disponíveis aqui.

domingo, 28 de novembro de 2010

Eles também ganham!

O Benfica acaba de vencer, em Aveiro, o Beira-Mar, por 3-1. O Marítimo venceu, ontem, o Vitória de Guimarães, por 2-0. Pelos vistos, as equipas aqui mais faladas também vencem (e jogam bem). Será isso suficiente, aos olhos dos adeptos? Creio que na próxima jornada se saberá.

O Marítimo partia para o jogo, com um teórico adversário directo, atacado por um início de época desastroso, por uma eliminação precoce na Taça de Portugal - e na Liga Europa, diga-se -, com os avanços e recuos das obras no Estádio dos Barreiros e com um treinador que não cativa sequer o mais crente adepto maritimista. Tudo isto para dizer que o Vitória de Guimarães partia como favorito para o jogo, no Funchal.

Tudo errado. Não fosse o lado surpresa o que mais estimula todos os amantes do desporto-rei. O Marítimo, apesar de beneficiário de um erro clamoroso de arbitragem, dominou, controlou, foi 'senhor' do jogo e mostrou que o 14º lugar é temporário. O treinador, agora, respira fundo e pode, garantidamente, trabalhar com outra confiança, a partir do resultado de ontem.

Os da Luz venceram no Municipal de Aveiro, jogando muito bem durante 70% do jogo. Será de admirar, quando o adversário de jogo se chama Beira-Mar? Sim. Os adeptos têm, efectivamente, de se habituar às prestações bipolares do Benfica.

Da última vez que me referi ao clube, este tinha perdido por 0-5, logo com o FCP. Pelo meio, para enganar, goleiam a débil Naval (4-0), e são humilhados pelo mediano Hapoel (0-3). Na lógica da bipolaridade, o resultado a esperar seria, por acaso, uma vitória, mas perante a conjuntura actual (um presidente satisfeitíssimo com os resultados alcançados pelo treinador; um treinador que só actua em monólogos - palavras de antevisão dos jogos à Benfica TV) será melhor não se fiar. Isto, claro, sem perder o benfiquismo.
Agora, depois das vitórias saborosas do campeão nacional e do dito campeão das ilhas, e do clássico algo insosso, o Benfica está a uns mais atraentes oito pontos de distância para o primeiro lugar, e o Marítimo, sem alterar o cenário classificativo, mostra as garras.

Veremos se há antídoto para a doença. Venha daí o próximo fim-de-semana!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Descaminho marítimo

Segunda-feira, dia de meter mãos ao trabalho. Ou dia de descanso, para os que trabalharam no domingo. É também, no mundo do futebol, sempre mais ou menos por esta altura do ano, o tempo em que se disseca as prestações na Taça de Portugal. Sim, a Taça! Aquela que une os Davides e os Golias. A que é idolatrada pelos analistas conservadores e que é desprezada pelos joviais. Aquela que leva, ainda!, montanhas de gente a Oeiras para a consagração do vencedor.

Grande MarítimoObservando os resultados finais, há três que merecem destaque por oporem seis equipas da liga principal, reunindo a curiosidade de, nos três, ter-se registado o mesmo resultado (1-2) e de terem sido as equipas da casa a ser eliminadas: Beira-Mar, Portimonense e... Marítimo.

Qual a diferença entre estes três emblemas? Os dois primeiros estão acabadinhos de chegar à Primeira Liga, o outro já lá está há mais de trinta anos. Mas de que serve a um clube estar no mais alto patamar do futebol nacional se este não se consegue impor no mesmo? O Marítimo é visto como um clube mediano, que joga mau futebol (mesmo quando joga bem), mas raramente é descartado pelos comentadores, nos palpites-pré-temporada, como candidato à Europa.

Quando um clube estagna e não consegue ver uma oportunidade de crescimento, é sinal de que há algum problema. Se isso acontece a nível de resultados e se despede um treinador como solução, também deveria haver o bom senso, por parte de quem comanda um clube, para perceber quando é que um projecto está esgotado e que as necessidades desse clube passam por outras pessoas no seu leme.

No Marítimo isso não acontece. Falamos de um clube centenário, o ''campeão das ilhas'' - lá diz o hino -. O único clube no país que dispõe de uma segunda equipa - óptima fonte de receitas para o clube, no caso da projecção de jogadores -. Mas o clube não avança. Os seus pontos fortes são, ironicamente, as suas fraquezas.

Não há uma política clara para a equipa profissional de futebol, acerca dos objectivos desportivos. Na última década, o Marítimo, pela voz do seu presidente, ambicionou sempre participar nas provas europeias. Falou-se, inclusive, do sonho do senhor Carlos Pereira: participar na Liga dos Campeões. Utópico. Por três ocasiões, em dez possíveis, conseguiu ir à UEFA. Apenas às eliminatórias, em que foi... eliminado. A equipa B, em vez de se basear na formação de jovens futebolistas madeirenses, acolhe os jogadores menos rentáveis (ou descartados) da equipa principal. Em nove anos, o clube conheceu doze treinadores. Nesses mesmos nove anos, o rival Nacional já lhe mordeu os calcanhares diversas vezes e ganhou uma importância tal que já não estranha vê-lo com o dobro dos pontos do Marítimo, no campeonato.

Reflexões clubísticas à parte, fiquem as memórias longínquas de um Marítimo aguerrido e apaixonante, que jamais seria claramente eliminado em casa, por uma equipa inferior.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O super-herói e a depressão de seis milhões


Armadilhas tácticas de Jesus
Fonte: A Bola

O Halloween chegou ao futebol com uma semana de atraso. Que o diga Jorge Jesus e os jogadores, escolhidos por si. No decorrer da passada semana, o Benfica teve o mérito de virar as expectativas que se geravam relativamente ao clássico de ontem, devido a um jogo soberbo frente a uma das melhores equipas europeias, capaz de fazer lembrar alguns dos jogos épicos da temporada anterior. Por sua vez, o Porto dava um sinal de fraqueza, pela primeira vez este ano, também no seu jogo europeu, deixando antever que o embate com os lisboetas seria, efectivamente, muito mais equilibrado do que se acharia, há oito, nove dias atrás.

No jogo de palavras, os treinadores assumiram as posturas já esperadas. O do Porto, André Villas-Boas, demonstrou vontade de ampliar a vantagem para o Benfica, elogiando o adversário e atribuindo-lhe capacidades que este ano não tinham sido ainda vistas. Jorge Jesus, do Benfica, acanhou-se. Não assumiu, por uma vez que fosse, vontade de vitória e, no meio do seu discurso, saltava à vista o medo de ser claramente derrotado pelo adversário.

A constituição inicial das duas equipas atemorizava os adeptos e simpatizantes benfiquistas, mesmo os mais optimistas. Na equipa portista, tudo óbvio. Na do Benfica, adaptações e criações capazes de causar inveja a mentes mais originais. Noventa minutos depois, cinco a zero, a favor do Porto.

Há muitas razões para explicar tamanha desgraça para os campeões nacionais, mas de entre esse conjunto há uma razão que emerge: a terrível preparação do Benfica para esta nova época. Jesus, o terrestre, queixa-se disso constantemente. Os adeptos compreendem. Não haveria nada de estranho nesta história de lamúrias caso o responsável pela preparação da nova temporada não fosse o treinador. Curiosidade das curiosidades, Jorge Jesus foi o máximo responsável por isso!


Hulk, o carrasco
Fonte: A Bola

O treinador benfiquista, qual bruxo maquiavélico, apostou num defesa central sem rotinas de jogo e confiança para titular; arrastou aquele que diz ser um defesa central de categoria mundial para o lado esquerdo, porque este ''o conhece'' e atirou para o ataque um homem que tem como função a criação de jogo, abdicando do executante natural dessa tarefa ofensiva - não houve, portanto, definição de jogo no Benfica e as movimentações ofensivas foram precárias. Mas o Porto, para ele, foi ''muito eficaz'', simplesmente. Ah!, e contou com Hulk, que deve ter sido, caso tenha interpretado correctamente a mensagem, o único jogador ''inspirado''.

Na realidade, a questão é mais complexa. Jorge Jesus vive do passado. Angel di María e Ramires são, hoje, os fantasmas que atormentam as noites do treinador do Benfica. Os seus substitutos, Gaitán e Salvio, são os pesadelos. Perante o passeio exibicional da época passada, a fasquia estava (e está!!!) legitimamente muito alta.
 
Não digo que seja legítimo esperar que aconteça tudo o que se passou no ano anterior, mas o certo é que é da responsabilidade de quem lidera dotar a sua equipa de mais-valias apropriadas para as lacunas existentes. Além do mais, o Benfica subiu um patamar na Europa, o que é directamente proporcional a uma aposta financeira mais certeira, a uma análise do mercado mais séria.

No dia oito de novembro de 2010, com três meses de competição apenas, o embruxado Benfica aparece em segundo lugar na classificação. Nada de problemático, não fosse os dez pontos que já o separam do primeiro lugar... do Porto. Este, está bem. Caminha a passos largos para uma época descansada, facilitada por mérito próprio e por deslizes da concorrência. O Benfica acordará (se acordar) tarde. Necessita de corrigir rapidamente os handicapes da sua equipa (lateral direita!!, lateral esquerda!!) e precisa, sobretudo, de voltar a confiar em si mesmo.

P.S. Já que Jorge Jesus tem um interesse natural por contratar avançados e o Benfica se gaba de estar financeiramente saudável, porque não pagar cem milhões de euros pelo Hulk?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Entrada histórica

A terça-feira, que morreu há pouco, foi um dia histórico. A blogosfera deu à luz um bloguista algo estranho. Tão estranho como ter em duas frases, de forma totalmente despretensiosa, os paradoxais 'morreu' e 'deu à luz', ou como observar que possa existir um blogue adjectivado de indefinido.


Estranho, por estarmos a falar de um sujeito com sintomas de info-exclusão. Estranho, por só ter escrito, até à data, em algo semelhante, na temporada em que todos os adolescentes tinham um photoblog. E mal escrevia. Estamos, assim, perante um caso de maturidade tecnológica. Através deste grande avanço, o blogue é visto, por mim, como uma estrada aberta desejosa de me guiar por onde entender, semelhante àquela que imagino estar algures por debaixo destas letras.


Mas a entrada na H/história não se fica por aqui! Acho por bem referir que, pela primeira vez na minha vida, comprei o 'jornal do povo', que me custou uns valiosos oitenta e cinco cêntimos. Não, não foi a sua manchete sobre um homicida traído ou as suas intermináveis páginas de publicidade e anúncios que me levou a fazê-lo. Foi, sim, a curiosidade sobre as escutas da PIDE feitas a Sá Carneiro. Esta revelação feita pelo Correio da Manhã limitou-se a adoçar-me o apetite sobre o caso, que estará disponível, por completo, com certeza, na biografia de Sá Carneiro, feita por Miguel Pinheiro, que será lançada esta quinta-feira.


E a história do dia fez-se assim. O errante e pseudo-info-excluído aderiu ao mundo dos blogues e passou parte do seu dia com um Correio da Manhã debaixo do braço, ansioso por uma grande revelação que acabou por ser apenas um apêndice do que ainda está para vir...


Vítor A Teixeira